PALAVRAS: PORQUE DIZÊ-LAS, PORQUE NÃO DIZÊ-LAS?
Por um instante no agito da vida,
Algumas idéias invadem o meu ser.
Loucura
pensar e não poder expressar,
Aquilo que amo , que quero falar.
Verdades intensas, mentiras violentas,
Retrato que a vida vem me presentear.
Algo que almejo e não posso abraçar,
Saudades que tenho
e me fazem chorar.
Pecados rasgados,
por não mais os achar.
Ouvindo dos outros,
aprendo palavras,
Ruídos estranhos,
outros familiar.
Quem tem a palavra, tem a chave do eco,
Um grito infinito de uma bela canção.
Escuto e estranho o brado rebelde,
De quem não acalenta nenhuma ilusão.
Imagino a tristeza, o aperto , o pranto,
Zoando aos cantos, buscando a razão.
Envolvendo a vida num jogo qualquer ;
Limitando o homem ao seu coração.
Alguns a encontram na imagem do eu.
Sonhando acordados,
se achando um deus.
Palavras dizê-las, porque não dizê-las?
Ocultar não será a solução?
Reina a palavra que une gerações numa só voz;
Que harmoniza os tons numa só melodia.
Une mentalidades diferentes num culto ecumênico,
Evitando rivalidades , buscando harmonia.
No mundo infinito da mente em que moro,
A vida transcende as grades, as prisões.
Ouço, reflito,
me lanço na busca
De novos horizontes transpondo o meu eu.
Infinita a idéia que levo comigo,
Zelo por ela como um tesouro milenar.
Eu sou a palavra, refúgio dos sons,
Levo-a comigo, expresso-a ao relento;
Austera ou alegre, sempre lanço-a ao vento,
Sempre esperando que alguém possa escutar.
Então, porque
não dizê-las?
Eu digo, porque a palavra ilumina,
Unge o eleito com suas dádivas.
Devolve a alegria ao triste pensante,
Invade a alma, dá asas à vida.
Galga ao infinito montada no amor,
Obra infinita de um criador sem nome.
ADEMILSON ANTONIO
EINSWEILER
CONTRADIÇÕES
O
Sol que aquece é
o mesmo que queima,
A
noite que descansa , também assusta.
A
chuva que molha, também esfria
O
ar que dá vida, também o resfria.
O
passado que alegra, também angustia.
O
presente que é a vida, você o fantasia.
O
futuro que não existe, você o toma por guia.
Do
pecado que cometeu, o perdão o alivia.
Aquilo
que lhe integra, de certa forma alienia.
O
eu que elogia, também
repudia.
O
eu que ama é o mesmo que odeia,
que
grita e berra, mas também que acalma.
O
eu de mil faces e ao mesmo tempo só uma,
que
busca respostas, não encontra nenhuma.
Vive
angustiado com o dilema da vida,
mas se realiza com a resposta divina.
Que
busca e questiona a torto e direito,
mas que vê na trindade, o
dogma perfeito.
Que
critica a pobreza, mas evita a esmola.
Que
tem pouco e quer ter tudo,
que
tem tudo e acha pouco.
Que
num momento é doce como o mais puro mel,
e no instante seguinte é
azedo, mais amargo que fel.
Que
ama, adora e deseja,
mas que odeia, tem raiva e
inveja.
Que
ao acordar diz um bom dia à vida,
e inconsciente não sabe que também diz pra morte.
Que
caminha inseguro sobre uma corda bamba,
presa no infinito entre o imaginário e a fé no além.
São
as contradições que a vida nos prega
e que não sabemos de onde elas vem
Se
não explicamos pela realidade,
então apelamos para um Supremo Bem.
E
nesta dialética da vida e da morte,
nós simples mortais, buscamos a verdade.
Quando decepcionados com a
nossa sorte
abrimos trincheiras para a
eternidade.
Perdido
no Nós o eu errante está contido,
lutando com forças pra não ser oprimido.
Insistindo
em dizer não, quando poderia dizer sim
e dizendo
sim, quando poderia dizer não:
Não
adianta, sim adianta;
Não
quero, sim eu quero;
não
vivo, sim eu vivo
num mundo de contradições.
ADEMILSON
ANTONIO EINSWEILER